Resultados das últimas eleições no arranque para uma campanha atípica
Aproximam-se as eleições regionais, marcadas para 25 de Outubro, tendo já terminado o prazo para a entrega das listas, pelo que será oportuno, dar uma vista de olhos pelos resultados obtidos pelas principais forças políticas nas últimas eleições.
Será uma campanha atípica, quer na forma, quer nas matérias a debater, em consequência da pandemia, que alterou tudo e absorveu todo o discurso.
Olhando os resultados de 2016 verifica-se que PS e PSD, ambos desceram nas suas votações, mas mantiveram uma distância relativa não muito diferente da eleição anterior, ficando com uma diferença de 16,4 pontos percentuais, traduzindo-se em 30 deputados para o PS e 19 para o PSD.
O PP cresceu em 2016, relativamente ao anterior ato eleitoral, apresentando um valor de 7,2%, o que deu lugar a 4 mandatos, dois nos círculos eleitorais de S. Jorge e da Terceira e dois pelo círculo de compensação, enquanto o Bloco de Esquerda manteve o lugar de quarta força política com 3,66%, com dois deputados, um por S. Miguel e outro pelo círculo de compensação.
A CDU conseguiu apenas um mandato assim como o PPM, a CDU obtido nas Flores e o PPM no Corvo.
Influência da campanha regional
Mudadas as formas tradicionais da campanha eleitoral e sem os palcos tradicionais de debate e, porventura, também, sem os habituais comícios, que configuram a capacidade de mobilização dos partidos, fica bem reduzida a capacidade de passar a mensagem ou de envolver o eleitorado.
Fica a tarefa para a comunicação social, cada vez mais limitada em meios para desempenhar o trabalho que em tempos conseguiu. A própria televisão -- que fez um excelente trabalho na informação sobre o COVID – muito provavelmente não terá a mesma audiência nas ações de campanha, nem sequer nos telejornais com a cobertura de tantos partidos.
Talvez agora se compreenda a falha política de não ter apoiado a criação de uma televisão regional sólida, com outros meios e outra filosofia, que poderia nas atuais condições ter mais efeito para os partidos e para a democracia.
Mostrar que se pode fazer diferente
Mesmo com uma campanha atípica, as forças políticas estão em força na corrida à eleição de 25 de Outubro para a Assembleia Legislativa Regional. S. Miguel, por exemplo, apresenta 13 forças políticas, tantas como há 4 anos, a Terceira apresenta doze partidos e coligações, no Corvo que elege dois deputados concorrem cinco forças políticas. Apenas seis das forças políticas concorrem por todos os círculos: PS, PSD, CDS-PP, BE, CDU e PPM, todas com assento atual no parlamento açoriano. Um total de 228 572 eleitores inscritos vão eleger os 57 deputados que integram a Assembleia Legislativa dos Açores.
Vai ser preciso muita criatividade para, nas atuais condições, os partidos fazerem ouvir-se. Os temas de campanha estão reduzidos e alguns esgotados e há assuntos, que mesmo importantes, se desfizeram na redundância, todos afirmando o mesmo sem qualquer propostas diferentes.
Será mais ouvido quem enveredar por novos temas, que mostre um discurso politico num patamar mais elevado. Por exemplo, áreas como a saúde ou a agricultura onde as queixam se repetem, terá audiência quem assegurar que será capaz de romper com o sistema e tornar estes sectores mais eficazes e mais eficientes. Será ouvido quem for capaz de convencer que vai fazer diferente.
Rafael Cota “Diário dos Açores” e " Diário Insular