LEITURAS CRUZADAS A PARTIR DE ATOS ELEITORAIS PASSADOS

Autárquicas num novo
quadro político regional

Rafael Cota








(Publicado no Diário Insular de 8 de Setembro de 2021)

Em 1996, quando o PS destronou a longa permanência do PSD no poder, os sociais democratas governavam 15 das 19 câmaras do arquipélago e o PS apenas quatro. Agora, quando surge uma mudança no quadro político regional, a situação é praticamente inversa: o PS detém 12 presidências de câmaras, o PSD cinco, o CDS uma e um Grupo de Cidadãos preside à Câmara da Calheta.
Até que ponto as mudanças registadas nas regionais do ano passado, que colocaram o PSD no poder e levaram ao surgimento de novas forças, poderão influenciar os resultados eleitorais do próximo dia 26 de Setembro? Tendo em conta o histórico dos resultados eleitorais, não deverá ter grande influência, pelo menos já nas próximas eleições.
A poucas semanas das autárquicas, terá sentido, antes de mais, revisitar os resultados obtidos pelas diferentes forças políticas nas autárquicas de 2017, para se ter uma ideia de onde parte cada partido para a corrida que se depara agora.

As eleições autárquicas têm sempre um carácter peculiar. Dependem em grande parte das figuras dos candidatos que compõem as listas, sendo que em alguns casos os nomes são determinantes, dizendo-se, por vezes, de alguns candidatos que ganhariam em qualquer partido. É, também, nas eleições autárquicas onde a abstenção é normalmente menor, como são exemplo as regionais de 2020, onde a abstenção foi de 54,6%, quando nas autárquicas de 2017 tinha sido de apenas 46,5%.
Também de pouco contam os resultados de outras eleições, como confirma o que se verificou com o PS, que destronara o PSD em 1996 do poder regional e no ano seguinte esse PS perde as autárquicas por uma margem folgada.
Naturalmente que a permanência no poder durante vários anos permite criar estruturas e conquistar novos membros e novos líderes locais, ganhando terreno, o que fez com que o PS, nas últimas autárquicas de 2017, tenha já conquistado a maioria das câmaras e grande parte dos mandatos nas assembleias municipais e de freguesia.
É de ter em conta, também, que nestas próximas autárquicas de 26 de Setembro voltam a estar no terreno novos partidos que já ganharam protagonismo. Estas novas forças políticas têm alguma notoriedade em eleições regionais, pela cobertura da Comunicação Social, inclusive nacional, mas será difícil conseguirem o mesmo protagonismo nas localidades, onde a maioria das ações não têm cobertura informativa e nos sítios onde as figuras têm mais peso do que os partidos. Mas não deixa de ser interessante perceber a real implantação de alguns desses partidos, já que a sua linguagem tem alvos muito direcionados.
Nas eleições de 2017 concorreram vários grupos de cidadãos, nas câmaras, nas assembleias municipais e nas assembleias de freguesia. Conseguiram uma presidência de Câmara, na Calheta de S. Jorge, 16 mandatos nas assembleias municipais, nove na Calheta e sete nas Lajes do Pico e quatro lugares nas Assembleias de Freguesia, um em S. Miguel (Santa Clara), um na Terceira (Sé) e dois em S. Jorge (um na Ribeira Seca e outro em Santo Antão).
De referir que, os resultados apresentados nos quadros relativos a 2013, não correspondem ao peso de alguns partidos, designadamente ao PSD, CDS e PPM, que concorreram em coligação em várias autarquias. Essas coligações valeram para PSD, PP e PPM, na eleição para as câmaras municipais, três mandatos na Terceira, três no Faial e um nas Flores e em termos de votos, somando os resultados dos partidos envolvidos, conseguiriam 42% dos votos, ainda distante do PS, que obteve 47%

Antevisão Autárquicas - Resultados 2017

 Autárquicas num novo quadro político regional

 (Publicado no Diário dos Açores de 7 de Setembro de 2021)

Em 1996, quando o PS destronou a longa permanência do PSD no poder, os sociais democratas  governavam 15 das 19 câmaras do arquipélago e o PS apenas 4, agora, quando surge uma mudança no quadro político regional, a situação é praticamente inversa: o PS detém 12 presidências de câmaras, o PSD 5, o CDS 1 e um Grupo de Cidadãos preside à Câmara da Calheta.

Até que ponto as mudanças registadas nas regionais do ano passado, que colocaram o PSD no poder e levaram ao surgimento de novas forças, poderão influenciar os resultados eleitorais do próximo dia 26 de Setembro? Tendo em conta o histórico dos resultados eleitorais, não deverá ter grande influência, pelo menos já nas próximas eleições.

A poucas semanas das autárquicas, terá sentido, antes de mais, revisitar os resultados obtidos pelas diferentes forças políticas nas autárquicas de 2017, para se ter uma ideia de onde parte cada partido para a corrida que se depara agora.

As eleições autárquicas, têm sempre um carácter peculiar, dependem em grande parte das figuras dos candidatos que compõem as listas, sendo que em alguns casos os nomes são determinantes, dizendo-se , por vezes, de alguns candidatos, ganhariam em qualquer partido. É, também, nas eleições autárquicas onde a abstenção é normalmente menor, como é exemplo as regionais de 2020 onde a abstenção foi de 54,6% quando nas autárquicas de 2017 tinha sido de apenas 46,5%.

Também, pouco contam os resultados de outras eleições, como confirma o que se verificou com o Partido Socialista, que destronara o PSD em 1996 do poder regional e no ano seguinte esse Partido Socialista perde as autárquicas, por uma margem folgada.

Naturalmente que a permanência no poder durante vários anos, permite criar estruturas e conquistar novos membros e novos líderes locais, ganhando terreno, o que fez com que o PS, nas últimas autárquicas de 2017, tenha já conquistado a maioria das câmaras e grande parte dos mandatos nas assembleias municipais e de freguesia.

É de ter em conta, também, que nestas próximas autárquicas de 26 de Setembro, voltam a estar no terreno novos partidos que já ganharam protagonismo. Estas novas forças políticas, têm alguma notoriedade em eleições regionais, pela cobertura da Comunicação Social, inclusive nacional, mas será difícil conseguirem o mesmo protagonismo nas localidades, onde a maioria das ações não têm cobertura informativa e nos sítios onde as figuras têm mais peso do que os partidos. Mas não deixa de ser interessante, perceber a real implantação de alguns desses partidos, já que a sua linguagem tem alvos muito direcionados.

Nas eleições de 2017 concorreram vários grupos de cidadãos, nas Câmaras, nas Assembleias municipais e nas Assembleias de freguesia. Conseguiram uma presidência de Câmara, na Calheta de S. Jorge, 16 mandatos nas assembleias municipais, 9 na Calheta e 7 nas Lajes do Pico e 4 lugares nas Assembleias de Freguesia, um em S. Miguel (Santa Clara), um na Terceira (Sé) e dois em S. Jorge (um na Ribeira Seca e outro em Santo Antão).

De referir que, os resultados apresentados nos quadros relativos a 2013, não correspondem ao peso de alguns partidos, designadamente ao PSD, CDS e PPM, que concorreram em coligação em várias autarquias. Essas coligações valeram para o PSD, PP e PPM, na eleição para as câmaras municipais, 3 mandatos na Terceira, 3 no Faial e um nas Flores e em termos de votos, somando os resultados dos partidos envolvidos conseguiriam 42% dos votos, ainda distante do PS que obteve 47%.