Autárquicas num novo quadro político regional
(Publicado no Diário dos Açores de 7 de Setembro de 2021)
Em 1996,
quando o PS destronou a longa permanência do PSD no poder, os sociais
democratas governavam 15 das 19 câmaras do arquipélago e o PS apenas 4,
agora, quando surge uma mudança no quadro político regional, a situação é
praticamente inversa: o PS detém 12 presidências de câmaras, o PSD 5, o CDS 1 e
um Grupo de Cidadãos preside à Câmara da Calheta.
Até que ponto as mudanças registadas nas regionais do ano passado, que colocaram o PSD no poder e levaram ao surgimento de novas forças, poderão influenciar os resultados eleitorais do próximo dia 26 de Setembro? Tendo em conta o histórico dos resultados eleitorais, não deverá ter grande influência, pelo menos já nas próximas eleições.
A poucas
semanas das autárquicas, terá sentido, antes de mais, revisitar os resultados
obtidos pelas diferentes forças políticas nas autárquicas de 2017, para se ter
uma ideia de onde parte cada partido para a corrida que se depara agora.
As eleições autárquicas, têm sempre um carácter peculiar, dependem em grande parte das figuras dos candidatos que compõem as listas, sendo que em alguns casos os nomes são determinantes, dizendo-se , por vezes, de alguns candidatos, ganhariam em qualquer partido. É, também, nas eleições autárquicas onde a abstenção é normalmente menor, como é exemplo as regionais de 2020 onde a abstenção foi de 54,6% quando nas autárquicas de 2017 tinha sido de apenas 46,5%.
Naturalmente
que a permanência no poder durante vários anos, permite criar estruturas e
conquistar novos membros e novos líderes locais, ganhando terreno, o que fez
com que o PS, nas últimas autárquicas de 2017, tenha já conquistado a maioria
das câmaras e grande parte dos mandatos nas assembleias municipais e de
freguesia.
É de ter em
conta, também, que nestas próximas autárquicas de 26 de Setembro, voltam a
estar no terreno novos partidos que já ganharam protagonismo. Estas novas
forças políticas, têm alguma notoriedade em eleições regionais, pela cobertura
da Comunicação Social, inclusive nacional, mas será difícil conseguirem o mesmo
protagonismo nas localidades, onde a maioria das ações não têm cobertura
informativa e nos sítios onde as figuras têm mais peso do que os partidos. Mas
não deixa de ser interessante, perceber a real implantação de alguns desses
partidos, já que a sua linguagem tem alvos muito direcionados.
Nas eleições
de 2017 concorreram vários grupos de cidadãos, nas Câmaras, nas Assembleias
municipais e nas Assembleias de freguesia. Conseguiram uma presidência de
Câmara, na Calheta de S. Jorge, 16 mandatos nas assembleias municipais, 9 na
Calheta e 7 nas Lajes do Pico e 4 lugares nas Assembleias de Freguesia, um em
S. Miguel (Santa Clara), um na Terceira (Sé) e dois em S. Jorge (um na Ribeira
Seca e outro em Santo Antão).
De referir
que, os resultados apresentados nos quadros relativos a 2013, não correspondem
ao peso de alguns partidos, designadamente ao PSD, CDS e PPM, que concorreram
em coligação em várias autarquias. Essas coligações valeram para o PSD, PP e
PPM, na eleição para as câmaras municipais, 3 mandatos na Terceira, 3 no Faial
e um nas Flores e em termos de votos, somando os resultados dos partidos
envolvidos conseguiriam 42% dos votos, ainda distante do PS que obteve 47%.
Sem comentários:
Enviar um comentário