THE ISLANDS AND THE DIASPORA
O artigo publicado no DI com o título "Eleições nacionais com muitas interrogações" foi transcrito, em Inglês, pela publicação da Universidade de Fresno, na Califórnia, dirigida por Diniz Borges.
NOVIDADES - THE ISLANDS AND THE DIASPORA
Portuguese National elections bring up many questions including in the Azores.
After the regional elections – still with doubts about how they will turn out – attention is now turning to the national elections, where the campaign is conducted with more doubts than certainties.
The results of the regional elections are not expected to have much influence on the election to the Assembly of the Republic. These are different frameworks and different situations. It is possible that the solution adopted in the Azores will be included in the debate.
In any case, it makes sense to recall the results of the last elections to the Assembly of the Republic, both in the Azores and the country, to refresh our memories. At a national level, too, the circumstances that marked the holding of this election are, in many ways, strange and could determine the direction of many votes. The polls are giving some clues, but many questions remain.
Perhaps the most certain element is that abstention will also fall at a national level, given the greater intensity of the debates and the doubts being raised, which could have consequences for people.
Looking at the graphs of the 2022 results, you can see that the PS won the elections, both nationally and in the region, and it was possible to build a stable national government, although with a lot of turbulence in various sectors.
The graph below shows the results of the 2022 election in the Azores.
What will happen in the Azores?
As far as the Azores are concerned, it’s not easy to imagine what will happen. As has already been said, it is not straightforward for the results of the regional elections to influence the election to the Assembly of the Republic. At this point, people are increasingly politically aware and vote according to the election.
However, both the electoral campaign and the regionals’ final speeches will influence how people view these elections. In informal conversations, people liked Bolieiro’s firm speech and appreciated the fact that he had put CHEGA in its place. It was often said that if the elections were repeated, the PSD would win by a majority.
The PS leader wasn’t so happy, and during the campaign, he didn’t manage to counteract his less-than-empathetic image of dealing with people.
Ventura did his best to win the national elections by improving his results. Still, his representative in the region didn’t live up to the hype, and a few “gaffes” during the election campaign gave rise to the idea that CHEGA, despite growing in electoral terms, is a project with an expiration date, as has happened to several other similar parties.
The rest of the parties have been the same, with a close electorate, and it is believed that they will maintain similar results.
In any case, the campaign waged by the national leaders, who have a greater presence in the media and are the ones who are fundamentally on trial, will count above all.
But just as in the regional elections, voters will seek stability. In the country as a whole, people haven’t understood the need for this election either, so they will weigh up very carefully which side is best placed to lead a solid government.
Rafael Cota-Journalist
Eleições Assembleia da República
Eleições nacionais com muitas interrogações
Passadas as
eleições regionais -- ainda com dúvidas sobre o que se vai desenrolar -- as
atenções voltam-se agora para as eleições nacionais, onde a campanha se faz com
mais dúvidas do que certezas.
Não se espera
que os resultados das regionais tenham grande influência na eleição para a
Assembleia da República. São quadros diferentes e situações também com outros
contornos. Possivelmente, entrará no debate, sim, a solução que vier a ser
tomada nos Açores.
De todo o
modo, tem sentido relembrarmos os resultados das últimas eleições, para a
Assembleia da República, tanto nos Açores como no País, para refrescar a
memória. Também a nível nacional as circunstâncias que marcaram a realização
deste ato eleitoral são, em muitos aspetos, estranhas e podem marcar a
orientação de muitos votos. As sondagens vão dando algumas pistas mas mantêm-se
muitas interrogações.
Porventura, o
elemento mais seguro é que a abstenção também baixe a nível nacional face à
maior intensidade dos debates e às dúvidas que se colocam e que podem ter
consequências para as pessoas.
Olhando os
gráficos dos resultados de 2022 pode ver-se que o PS ganhou as eleições,
tanto a nível nacional como na Região e foi possível construir um governo
nacional, aparentemente estável, embora com muita turbulência em diversos
sectores.
Que se
passará nos Açores ?
No tocante
aos Açores, não é fácil imaginar o que irá acontecer. Como já se disse, não é
linear que os resultados das regionais tenham influência na eleição para a
Assembleia da República. Neste ponto, as pessoas têm cada vez mais consciência
politica e cada vez mais votam de acordo com a eleição em causa.
No entanto,
tanto a campanha eleitoral como os discursos finais das Regionais vão ter
influência na forma de ver estas eleições. Nas conversas informais as pessoas
gostaram do discurso firme de Bolieiro e apreciaram o facto de ter colocado o
CHEGA no seu lugar. Ouvia-se, recorrentemente comentar, que se se repetissem as
eleições o PSD ganharia por maioria.
O líder do PS
não foi tão feliz e durante a campanha também não conseguiu contrariar a imagem
do seu autoritarismo e a forma pouco empática de lidar com as pessoas.
Ventura fez o
possível para ganhar trunfos para as eleições nacionais, fazendo valer a
melhoria dos resultados, todavia o seu representante na Região não esteve à
altura dessa aposta e algumas "gaffes" da campanha eleitoral, fizeram
crescer a ideia de que o CHEGA, apesar de estar a crescer em termos eleitorais,
é um projeto com prazo de validade, como já aconteceu a vários outros
partidos semelhantes.
Os restantes
partidos, têm sido iguais a si próprios, com um eleitorado de proximidade e
crê-se que manterão resultados semelhantes.
Mas, tal como
nas eleições regionais os eleitores vão procurar eleger a estabilidade. No
conjunto do país as pessoas também não compreenderam a necessidade desta
eleição e, portanto, vão pesar muito bem qual dos lados se apresenta com
melhores condições de conduzir a uma governação sólida.
DI - Entrevista
1 - Qual a
análise que faz aos resultados eleitorais na sua ilha? Quais as causas e as
consequências previsíveis desses resultados?
A Terceira é
uma das ilhas onde há uma das melhores culturas democráticas, por razões
históricas. Já em 1992, quatro anos antes da queda do PSD, o PS venceu em Angra
do Heroísmo e no conjunto da ilha ficou a décimas de bater o PSD.
É uma ilha
que tem pouca iniciativa no campo da concretização de projetos, em
contrapartida tem uma formação política que vêm desde a implementação da
autonomia cultivada pelas pessoas que idealizaram o projeto autonómico e em
tempos tiveram a coragem de encarar o regime.
Nestas
últimas eleições regionais, a Terceira votou de acordo com a maioria, como já
se esperava mas, se for necessário, também vota contra a ordem geral.
De resto, a
Terceira tem várias queixas contra o regime, pelas orientações, sobretudo, na
área do turismo e da operação aérea e um dia isso poderá sentir-se nas urnas.
2 - José
Manuel Bolieiro decidiu avançar com um governo de minoria. Como avalia essa
opção no contexto parlamentar que passa a existir?
É uma opção
que lhe trará algumas dores de cabeça. Mas, a sua posição firme no sentido de
não ficar prisoneiro de outros forças partidárias valeu-lhe um grande capital
político. Creio que conseguirá tirar partido desse facto.
Na verdade,
os outros partidos também não têm todos os trunfos que julgam, porque a
repetição de eleições pode não lhes ser favoráveis.
3 - Como
avalia os resultados do PS e do Chega na Região? O que justificará tais
resultados e o que indiciam para o futuro?
O resultado
do PS resulta fundamentalmente da falta de inovação no campo dos projetos.
Muito do que foi criticado, poderia ter sido feito pelo próprio PS enquanto
governo.
Contou,
porventura, de igual modo, a imagem que se foi generalizando, relativamente à
forma pouco empática do líder.
Por outro
lado, quando se fala em renovação de listas é uma ideia que nem sempre
funciona. Degrau a degrau se fazem políticos com maior solidez.
O Chega é um
fenómeno novo -- em 2015 não tinha nenhum deputado à Assembleia da República,
em 2019 obteve apenas um mandato e em 2022 já atingiu 12 deputados. É uma força
política que segue o seu percurso na Região, como no país e pela Europa fora.
Segundo Victor Matos, autor do livro "Na Cabeça de Ventura", o que
alimenta o CHEGA é mais um voto de indignado do que protesto..
4 - Com o
histórico existente, parece-lhe pertinente equacionar uma qualquer abordagem ao
sistema eleitoral que, por exemplo, possa tender mais para soluções de
governabilidade?
Neste
momento, julgo que não há necessidade de proceder a alterações ao sistema
eleitoral. Os Açores já deram um salto de gigante no sentido de alargar o leque
partidário do parlamento com a implementação do Círculo de Compensação.
O resto é
feito segundo a vontade do povo que vota como entende nas diferentes eleições.
O resto cabe
ao diálogo e à capacidade do Parlamento em encontrar soluções para formar um
governo. Não há espaço para chumbar permanentemente os governos, porque o povo
perceberá e no tempo certo votará de forma a conseguir um governo estável.
Também não é
saudável para a democracia governos prolongados durante décadas como tem
acontecido.